BiBiDi BoBiDi Boutique
São atendidas meninas do mundo inteiro, entre 3 e 12 anos, que se entregam às "fadas madrinhas" durante 30 a 60 minutos. Depois saem "flutuando" pelo parque, sentindo-se as meninas mais poderosas e glamurosas do Universo...
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O texto a seguir foi extraído da página do facebook do Sr Mentor Neto. Não o conheço pessoalmente, mas curto muito seus textos. Acho que casa direitinho com esta postagem.
https://www.facebook.com/mneto?fref=nf
Não tenho irmãs.
Então até minhas filhas nascerem eu não fazia ideia que a fêmea da espécie humana é um animal com hábitos tão diferentes dos seres humanos normais.
Das diferenças todas, a que mais me chama a atenção é o hábito de frequentar um salão de beleza.
Para me aprofundar no assunto, ontem levei minha filha a um desses salões.
Ela levou semanas perguntando o que deveria fazer em testes de múltipla escolha.
Porque mulher não faz questão aberta.
Descobri que minhas respostas não serviram de nada.
O peso da manicure na decisão é muito, mas muito maior do que meus palpites.
Eu sou só o pai, convenhamos.
Mas calma. Vamos por partes.
Chegamos no enorme salão.
Bem iluminado cheio de mulheres em seu pior estado.
Porque num cabeleireiro ocorre uma espécie de trégua unilateral na dança do acasalamento milenar entre homens e mulheres.
Ver as mulheres em um cabeleireiro é como abrir o capô de um carro para ver o motor.
É interessante, mas se você não entende, melhor não dar palpite.
Passo por uma senhora atacada por um enxame de papéis prateados.
Dou um passo para trás assustado, mas ela sequer tira os olhos da revista.
Até uns anos, nem sabia que existiam efeitos no cabeleireiro.
A única pergunta que o barbeiro me fazia era "curto"?
E a única resposta era "sim”.
Hoje em dia, por motivos óbvios, nem isso.
Num cabeleireiro tudo é complicado de fazer e tem uma ordem certa.
Primeiro o descolamento zâmbio, depois o tingimento poney, depois o catso da escova alisadora flexível.
Se homens precisassem se esforçar como as mulheres, eu já teria sido expulso da sociedade e me tornado um ermitão.
Num cabeleireiro a mulher enfrenta uma pletora de opções.
É quase um Starbucks.
Nunca pensei que fosse tudo tão complicado.
"Luzes", por exemplo, eu achava que eram feitas com, sei lá, uma pistola laser.
"Californiana" eu achava que era só mergulhar a ponta dos cabelos numa banheira de tintura loira e segue a vida.
Que nada.
Quando me disseram que ia demorar três horas eu pensei que era porque deveriam estar sem luz.
Não me ocorre nada que eu possa fazer no meu corpo que dure três horas.
Vamos chegando perto da cabeleireira designada para nós.
Digo nós, porque não basta ser pai. Tem que mergulhar na experiência.
A moça se chama Babi e tem o cabelo rosa.
Eu não sei bem o que fazer, onde sentar, então enfio a mão nos bolsos que é o que sempre faço quando não sei o que fazer.
Tenho medo de deixar minha filha ali e ir embora.
Não por ela, por mim.
Teria que passar de novo por aquelas mulheres em estado bruto.
Sento num banquinho que constrangeria João Gilberto.
Minha filha queria pintar as pontas de alguma cor esquisita.
Apesar do cabelo rosa, Babi diz que é melhor não.
Que o cabelo vai parecer uma palha.
Agora as duas estão dialogando e gesticulando em aramaico.
Faço cara de interesse.
Então olham para mim, como se minha opinião importasse.
Não se engane.
Cabeleireiro é um lugar onde um homem vai para realizar o humilde exercício de ser ignorado.
- Isso. - respondo, para agrado de ambas.
Hiberno na cadeira.
Três horas depois está tudo pronto.
Minha filha está ainda mais linda e curiosamente, muito mais segura do que quando entrou.
Isso eu gostaria.
Um lugar onde os homens vão para saírem mais seguros.
Há anos que me torno, a cada segundo, mais inseguro que no segundo anterior.
Paro no caixa para pagar.
- O senhor quer mais um café?
Ela pergunta enquanto tento achar o número de zeros antes da vírgula.
O preço é o PIB da Bolívia.
Fico inseguro.
Mas ela está tão linda e feliz.
Não é para isso que eu vivo, afinal?
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